sábado, 4 de junho de 2011

És montanhas de saudades


Afagas borrões, que são os pensamentos quando dissipados na multidão, sem te aperceberes. Dizes que gostas de alguém com os olhos, sem que nunca o chegues a saber. És movimentos efémeros e alter-egos em noites quentes e cheias de pouco. Caminham-te - tantas vezes - nas expressões desencantos, sem que nunca tenhas tempo de os ver. E és amor quando só azedo de ti sabem, és espaço quebradiço no peito de alguém que não te chegou a conhecer. No fundo, és que nem uma nódoa que nunca ninguém manchou, uma tela branca arrumada num canto com pó e saudades. És saudades - és montanhas de saudades - saudades do cheiro do mar e dos fins-de-tarde com um livro na mão - folheando as páginas e tentando encontrar amores que se perderam há muito tempo atrás. E se me perguntarem por ti - confesso-te - direi que nunca cheguei a saber-te. Porque na verdade, na verdade és pouco mais que ventos que não consegui tocar, sons que não soube entender e percepções de tempo que mal medi. No fundo, no fundo, fomos desconhecidos que viveram amores que não eram de ninguém.
 
                                                                                                              With love, Diana <3

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Até quando?

Tiago - Como raio viemos todos cá parar?
Diana - Acho que fomos feitos às três pancadas. Embora pense que tu levaste quatro.
Tiago - E então porquê?
Diana- Ora: levaste as três pancadas de rotina, tudo ficou dentro dos contornos e preenchido de matizes claras. E depois levaste a quarta, que tirou tudo do sítio. Tens o sistema todo lixado,miúdo. És daquelas obras-primas que toda a gente acha que estão ao contrário.
Diana- E tu, de que me perspectiva me vês? 
Tiago- Eu faço parte daquele grupo restrito de pessoas que sabe reconhecer uma peça de arte quando a vê. Mas também gosto de brincar aos pintores de vez em quando. E és a minha obra de arte. Obra viva. E reinvento-te, todos os dias. Aliás, reinventas-te sozinha, eu só defino contornos. Grandes borrões feitos a carvão, que tu não és de meios-termos, não senhor.
Diana- Falta-me a borracha.



(Até quando vamos ter estas conversas?)

With love, Diana <3

sábado, 28 de maio de 2011

Admiro-te.

Sempre admirei essa tua capacidade de amar tudo, sem nunca te prenderes a nada. Sempre tiveste essa leveza de suspiro fugidio que não se quer entregar, que recusa desvanecer-se. E vais gostando do mundo todo, de toda a gente e de ninguém, e vais-te apaixonando vezes sem conta, sem nunca te entregares a ninguém. E vais vivendo nesse caos esborratado que a tua vida à luz do dia - bem sei que sempre gostaste de viver debaixo das luzes da noite. E eu vou gostando de ti, como não consigo gostar de mais ninguém, e vou gostando de ti porque gosto da maneira como gostas de mim, sem nunca esperares que te dê nada em troca, sem esperares o que tu não sabes dar.
                                                                                     With love, Diana <3
 

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Dreams.

Voltem. Da cor de vos pintei. Não se adulterem. São feitos de pasta de papel, lembram-se? Algodão doce sobre caramelo derretido.  Senti-vos, no último mês, mais do que nunca. Rasparam-me a pele dia sim dia sim. Não vos tentei apanhar, deixei de ser a menina ingénua que desesperava à vossa passagem. Rasparam-me a pele, esfolaram-me a alma, e eu fechei os olhos para vos sentir. Ali, a meu lado. Ali, perto do coração. Sentir-vos o calor anímico. Já não sou a menina que vos caçava como quem caça borboletas e vocês já não estão tão altos. Vi-vos desvanecer, e não desalentei. Sei que voltarão. Eu, eu vou-me tornando maior que a vida. E quando voltarem, não vos perseguirei. Esticarei antes as mãos ao céu.
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                                                                            With love, Diana <3

terça-feira, 24 de maio de 2011

Altruísmo/Egoísmo

- Pareces-me uma pessoa muito altruísta.
- Não, de todo, sou aliás muito egoísta. Descobri que é preciso sê-lo para saber tomar conta de mim. Quando não parava para tomar conta de mim, acabava perdida num mar de quases e copos meio-cheios. Meios termos abomináveis. Mas isto não quer dizer de modo algum que não sou capaz de dar a minha vida por certas pessoas, mas não seria por altruísmo, seria apenas motivado pelo amor. Era quase que acidental. Faria-o porque sei que não suportaria viver num mundo em que elas não existem. Egoísmo? Muito. Amor? Em demasia.

 
With love, Diana <3